quinta-feira, agosto 27, 2009
Um pouco eu-música sob o olhar ameaçador dos holofotes
Trem da liberdade - música de Cláudia Rocha
No meu vagão
Estou sem trajes sérios
Apenas vento e hemisférios
No meu vagão
Estou sem caras trites
Pra onde existe felicidade
Eu quero ir.
Ir além do buraco na parede
Atravessar o tempo-trilho
Sonhar com sede
Eu quero ir...
Nessa noite, nessa sorte
Pq a vida- quem sabe -
É só o encarte
Do amor à toda velocidade.
No meu vagão
Eu tenho meu relógio
Não tenho ódio
Não tenho pressa
No meu vagão
Eu já estou expressa
Aonde existe felicidade
Eu quero ir
Ir além do buraco e dessas redes
Atravessar o tempo e o frio
Cores e flores
Eu quero ir
Nesse dia nessa arte
Poque a vida - quem sabe-
É só uma parte
Do nosso sonho em liberdade.
domingo, agosto 16, 2009
Na rígida carne de juta (coadjuvante)
" Mas nada disso se sabe/se, do ventre não se ergue a vista/até o rosto onde,(...)do fundo do corpo - nos fita/a escondida menina na pantera" (trecho de "Pôster" em "Dentro da noite veloz")
Não tenho pressa (outubro 2008 - claudia rocha)
Hoje eu fugi do meu sonho
E acordei cansada
Porque só eu sei
Da minha memória guardada
Que volta correndo depressa
Por cima do travesseiro
Transbordando o lençol
De corpo, de carne
De gente em exausto devaneio
E o sonho desgruda das paredes
Arranca os cabelos, as unhas
Estrangula a centelha
E nos dedos, fica brincando o violão
Mas não é pesadelo não
Porque de pesadelo, amor
Só me basta acordar
E olhar o chãoTão perto dos pés
E tãoLonge de levantar
Esse dia todo que você guardou
Nos bolsos, junto com um canivete suiço
Eu não preciso, não quero
Nada de, apenas, isso
Eu quero sonho caminhante
Que marque pegadas no instante
E possa acordar para acontecer
Não quero herói ou coadjuvante
Quero sonho de gente
Que exaustivamente devaneia
Mas que pode alcançar - se correr
sexta-feira, agosto 14, 2009
Respondendo ao Robson Cassimiro
Mesmo que etílica
Eu ainda tenho a rudeza ingênua
De uma uva esperando ser espremida
Fermentada e sorvida
Pelo organismo espantado do mundo
Cheio de dentes e olhos
Pra essas coisas óbvias
Mesmo que desinibida
Eu ainda tenho o primeiro
O segundo e terceiro silêncio
Que as virgens ressonam ao quarto
Da sua quinta noite de sexta feira
Ao lado de seu sétimo amante
Que não a levou para outra oitava
E simplesmente desprezou todas as suas notas
De sua escalada vida gradeada
Pras essas coisas do mundo
Mesmo que puta enrustida
Que seriam todas essas sombras
Adolescentes e idosas
Mesmo que mulher e cálice
Mesmo que uma besta humana
As vezes eu sou de verdade
As vezes a vida se parte
As vezes eu canso do imundo
E me lavo, uma santa
Nesse rio de olhos
Nesse perdão de pecados
Pra essas coisas óbvias...
Pras essas coisas do mundo...
Maravilhosas.
Fogos! Fogos! e mais fogos!!
Como estou feliz de ver uma multidão de mais de dois olhos lendo atrás dessas cortinas !! / confissão desavergonhada
Respondendo ao Leonardo
Uma vez escrevi algo a respeito disso...
Na verdade uma, duas ou três mil vezes.
Acho que nesses 11 anos de vida lúcida, 9 anos de música e 22 anos de pura poesia rasgada, alguma coisa que é tempo(que não serve pra nada na maioria das vezes rs) respondeu pra mim que inspiração é um pouco mais que um estado de espírito. É um treino árduo de tentar ser vc enquanto o mundo é mundo.
No entanto, não acredito em nada que venha de fora pra dentro - principalmente pq a nossa vida, que é nossa grande percepção, só acontecesse mesmo de dentro pra fora (daquilo que a gente percebe atenta ou timidamente).
A diabazinha da madrugada e o negócio da inspiração (Trecho - por claudia rocha em 2005)
"Se roendo de rir, que eu sei,
Ela iria te dizer:
O negócio não é a chave
O negócio é querer abrir."
Moi Même protagoniza em sua pedra.
Quando o vagão passa
Ele leva milhares de vagas
De assentos desocupados
Silencioso - sumindo pelo buraco
Para ir dormir no final da passagem
A gente não vê quem passa
A gente não vê quem dirige
Essa gente é muito desatenta
Mas eu só entendi essa hora da manhã quieta
Que a semana inteira a voz da eleticidade
barulhenta
Fica berrando quatro ventos nos meus ouvidos
Balançando os cabelos
E eu só percebo quando suspendem milhões de fios
Que alguma coisa passou e entrou pelo buraco
Da memória, do subsolo, pra trás do olhos
No ponto cego de enxergar
Alguma coisa pesada carregando pessoas e vagas
E que eu não sei quando vai parar.
Pode ser amanhã, pode ser... quem sabe?
A saudade não cabe no vagão que a gente cabe.
quinta-feira, agosto 06, 2009
O figurante e a Torta de laranja principal
Por isso prefiro degustar
Tenho fome de refugio
A idéia que a minha veia fotografa
Tenho a pressa de sentar no dentro
Sonhar macio sem acordar
Eu te dou o riso
Pq morrer eh coisa de um segudo
Pq vazios somos
quarta-feira, agosto 05, 2009
Voltando ao cubismo
A nossa publicidade é o melhor do nosso país.
Porque não consumimos boas carnes,
boas frutas, bons sabores,
mas marcas macias, coloridas e deliciosas.
Somos perfume importado da cabeça,
os nossos sentidos tem mais olhos do que apenas dois
Nossas mãos tem mais amor nos seios fartos
Somos convencido pela beleza ímpar
Que pedimos emprestada aos deuses
Somos um cartaz que é mapa
Mas que nunca é território
Falamos de outros pelo que vemos
Julgamos o livro pela dureza de sua tez
Mas quem julgaremos
Se desque que somos temos um nome
estampado na testa
Temos um mandamento
Uma cruz no meio do peito
Somos antes antes até de existirmos
Porque tudo o que vemos
Produto lacrado de veemente imaginação
A publicidade fez o homem andar sobre rodas
Fumar Malboro, ensinando a montanha e o abismo
Cantar numa chuva de recados transados
Sonhos descoloridos e pintados
Um molde, uma brochura do tempo
Um anexo, um retrato
Daqueles que guardam o momento
Dos nossos lábios engarrafados
Bebemos nossa doença
Nossa vida semi-morta e mentira
De idéias de garfo e faca
Porque montanha-russa?
Porque não sou bucólica
Meu carpe diem árcade
É uma música de bossa nova
Minha eletricidade é minha arte
Eu consumo movimento
Eu consumo vc a toda parte
Eu me acho em tudo que vejo
Pq tudo no amor é publicidade
Tudo no sonho é um produto de vitrine
Até pq nem fugiria a nossa lápide
De nos dizer de nós
Algo com um "q" de desumano
Um "q" desmedidamente sublime
Um q perdido na rede - na internet
Um q - que eu nunca sei o q dizer
Uma expressão que eu não tenho
Mas que vc vê se enxergar
Muito prazer eu não me conhecer, estranho
Mas o verdadeiro prazer
É o seu em me comprar.
Culpando a janela pela paisagem
Hoje vou fugir um pouco do padrão "blog de poesia-prosa" para comentar a respeito deste evasivo caos que se instala por hora. Não seria apenas a gripe suína que está tendo um enfoque incomensurado da mídia, ou das máscaras políticas do Sarney ou dos abusos de outros países quanto aos limites ao nosso território e cultura - mas todos estes enfoques juntamente, que seriam paradoxoz bombásticos em todos os conceitos atuais de: globalização, democracia e neo-liberalismo.
Há uma via de conflito entre a cultura adquirida pela noção de globalização que soa permissiva e passiva, em confronto direto com o sentimento pós ditadura, de liberdade feroz e auto-afirmação que os filhos de sarney em sua grande maioria passaram a desconhecer para reconhecer aquilo que enxergamos de mais coerente com nossa época. É revoltante pés atados. É temeroso pensar que nada podemos fazer quando ouvimos do Ministério da Saúde que 2,7 milhões (1 a mais pessoa que seja) ainda se contaminará e terá risco de morte. Que haverão mortes, que ainda há algum julgamento político, alguma espécie de pensamento sendo desperdiçado para atribuir poder de alguém ou tirá-lo por erros cometidos principalmente por nós, quando cedemos o poder público nas mãos da dúvida - e mesmo assim, nossas mãos também não poderiam ser mais sábias. De tudo que sabemos do horrível, só ouvimos a tragédia posterior - pouco tenta-se enfocar o que poderia ser feito.Com twitter, blogs, youtube, temos olhos atados e falamos da cegueria completa de estrangeiros. Mas na nossa janela a visão não é panorâmica - é quase igual ao de uma janela de alcova. Talvez até se imagine, mas são tantos os interesses de descrever a paisagem ao pé dos mesmos, que nunca pode-se ver o que de fato seria.
Pode parecer incoerente, mas acredito que o sentimento em relação a todas essas notícias atuais seja o mesmo. Seja tudo um pouco piada como a da fotografia ao que descreve a legenda, sendo que a fotografia em si é patética - uma tentativa falha.
Nossa mídia é uma tentativa patética de demosntrar uma verdade perdida em mãos descontroladas. Não digo toda ela, mas boa parte - a parte desesperada principalmente, sedenta em opnar, em formar opnião de seu público - que infelizmente acaba sendo enorme. Não há opnião diferente de que tudo está errado? Há só o asslato, a morte? O desespero? Há só a palavra pandemia? Quem sabe completamente sobre a gripe? sobre o passado dos políticos? dos acordos secretos em que se vêm à tona apenas o lixo e um hectare a menos da amazônia?
A mesma rede que conecta o conhecimento, acaba sendo uma grade para todos nós.
terça-feira, agosto 04, 2009
Brevidade
Um pouco de amor verde
Nesse róseo mundo
E teremos dias amarelos
Num foguear azul
De céu branco