sexta-feira, agosto 14, 2009

Respondendo ao Robson Cassimiro

Ainda que não preste (por Cláudia Rocha - julho 2008)

Mesmo que etílica
Eu ainda tenho a rudeza ingênua
De uma uva esperando ser espremida
Fermentada e sorvida
Pelo organismo espantado do mundo
Cheio de dentes e olhos
Pra essas coisas óbvias

Mesmo que desinibida
Eu ainda tenho o primeiro
O segundo e terceiro silêncio
Que as virgens ressonam ao quarto
Da sua quinta noite de sexta feira
Ao lado de seu sétimo amante
Que não a levou para outra oitava
E simplesmente desprezou todas as suas notas
De sua escalada vida gradeada
Pras essas coisas do mundo

Mesmo que puta enrustida
Que seriam todas essas sombras
Adolescentes e idosas
Mesmo que mulher e cálice
Mesmo que uma besta humana
As vezes eu sou de verdade
As vezes a vida se parte
As vezes eu canso do imundo
E me lavo, uma santa
Nesse rio de olhos
Nesse perdão de pecados

Pra essas coisas óbvias...
Pras essas coisas do mundo...
Maravilhosas.

2 comentários:

Leonardo Bianchi disse...

Poesia cáustica igual as do Cazuza :)
simples e genial :) melhor parar de ficar babando ovo né?
há braços :/

Robson Cassimiro disse...

Maravilha! Obrigado!
Perdão pelo sumiço.
Perde-se muito ao não vir aqui...
perde-se muito ao não beber dessa tua fonte.

Abração!