domingo, novembro 03, 2013

Para Liz

Quarta feira de cinzas

Eu vou me lavar do Carnaval
Abrir a torneira dos dedos
Deixar de chover confetes

Guardar minha roupa de ilusão
Vou tirar os carros alegóricos
Desabotoar o riso bobo do rosto das pessoas

Vou esvaziar as ruas de piratas
Colombinas, realezas, personalidades e mitos
Meu espelho do mar vai ficar
No escuro da memória

Vou esquecer seus lábios
Seus olhos bonitos
Seu jeito de me amar
Distante e inseguro
Vou deixar meu pássaro na gaiola
Ainda como a poeira de uma fênix
Abrir os armários, guardar as magoas

Mas quando existir de novo
Outra folia como a nossa
Eu vou de peito aberto
Pulando de cabeça
Porque acabo sendo assim
De viver a beça
De dançar a dança
Cair de corpo na alma

Inteira, dou meia volta
No ontem
Na semana
Na folia passageira

Infelizmente ou não
Despenteada, de pijamas e meias
Eu também preciso de alguém
Que me ame as quartas-feiras