quarta-feira, fevereiro 25, 2009

A hora das cinzas

Foto tirada por mim dia 13/12/2008



A hora da espuma

Amor é uma banheira cheia de espuma

Quando entramos nele, somos sólidos

Quando bebemos seu disforme líquido

Instransponível nos dedos

Somos - à toda parte

Cheirando à sabonete de lavanda

Mas ao sair dele é um derramar de águas

Descondensado

Fluxo desalmado

De transparentes lavas

Ardemos na boca ártica do mundo

Temos o arrepio súbito do suor gelado

Que nos arremata a nuca gasosa

Em todas as línguas avessas

Sugando o sumo dos olhos

Queremos logo outro banho de mágoas

Tamanho o querer de uma ducha desesperada

Buscamos a cheiúra vã entre as pernas

Pegando-nos até os ombros sóbrios

Pendemos a nos inundar e mergulhar

Na tênue e indefinível lembrança

Por isso temos líquido na torneira de ossos

Líquido alcoólico, breve e espesso

Somos um gozo de organismos suspensos

Que só queria se espalhar aos quatro cantos

Dos braços abertos e tão largos quartos e paredes

Tanto que não poderíamos imaginá-los tão sólidos

Queremos outra margem para nos desembocar

Os sábios amparos extensos

Que guardamos em um infernal cômodo do peito

Que não se acomoda na casa que é ser

Que nunca se suja nessa infecção deslavada que é existir.

sábado, fevereiro 14, 2009

Pastelão!!

Porque um pouco de humor não faz mal a ninguém :)


Título: Clowns in me (canção feita em novembro de 2008) por Claudi Rocha

Talvez tudo o que eu deva
Seja por o meu nariz de palhaço
Vc pensa q eu gosto de rir
Mas meu peito de aço eu escondi
Atrás do horizonte
Bem longe da luz - embaixo do mar
Pois meu olhar permeio
Como a graca sem freio
Não esconde o amanhã que virá


Tão vermelho, amor
O Sol sai do picadeiro
Do Meu coração
De brinquedo alheio
Descabelado veio
Mas meu humor rasga o peito
E eu nao consigo parar de cantar
No meu rir
Que só ri
Que só ri
Que esse rir
É o pior chorar

quinta-feira, fevereiro 12, 2009

Gelo seco no palco nevado da mente = NOSTALGIA


"Há quem diga que todas as noites são de sonhos...
Mas há também quem diga nem todas...
Só as de verão..." Shakespeare



Você pensa que só eu vou rir assim
Dessa vez, meu bem, você acertou
Só eu vou rir sem pressa das suas risadas
Só eu vou ligar seus dedos nas tomadas
Ou então vou bagunçar desse jeito seu cabelo nas minhas mãos
Você pensa que eu não vou lembrar de nada
E pode ter certeza, noite clara
Sempre vai existir a madrugada

...


E os lençois - que vão dizer desses fantasmas?
Que eles vestiram sem roupa, só almas e enfados
Você repousa a mão nos meus quadris largos
E gentis seus olhos sorvem um sonho adocicado
De verão... - sazonal esse ano não?
É difícil ser difícil nessas parcas horas
Que o peito bate apavorado
Nessas em que você pensa que eu fui embora
E eu fui, te digo - e de mãos dadas
Ah! eu te puxo pro arredor de mim
Pra repousar num largo azul de espelho
Redondo e cheio de permeios, de nunca mais te ver
Mas minha estante tem livros que eu nunca vi
Que falam teu nome, que gemem teus perfumes
Que acordam com o mesmo gosto da sua boca, e lumes
Dormindo numa paz sem ciúmes do mundo

Você pode até me achar louca por dizer assim
É porque eu não tenho certeza se vou dizer mais - também
Talvez eu não precise, quando já deslize
Meu corpo no seu, sem tradução humana ou alguma
Pele em acrobata rede... o olhar já configura a trama
Só quero ver quem vai sair dessa loucura
Sem conseguir não se perder feliz de uma vez por todas

Felicidade, enfim, é uma palavra muito forte...

Hoje a noite eu fiquei sem jeito com meu peito
Ele ficou me olhando torto- e a esquerdo
Como nenhuma outra vez
Acho que a única coisa que eu posso te fazer direito
É tentar, na minha profissão de amor sem jeito, te sentir
Mas vou dizer,sem medo de parecer ridícula
Sinto tudo por você - e desde quando te vi
Desde quando fechei os olhos e você começou a existir em mim
E nessa porta derrelida que não abre
Verso e verso- e sem sentido que não cabe
Nessas vezes em que a gente para e sente um sei-lá-o-que
Quando o tudo de repente faz rir de simplesmente sorrir
Mas meu bem, vou te dizer - sempre vou dizer
De vão em vão- mas vou dizer

Eu vou mudar...
Tudo vai passar...
Nunca mais isso vai acontecer...
Depois de mim, depois de você

Outras coisas vão te fazer lembrar
E você sempre vai pensar que só eu vou rir assim
Quando eu durmo e acordo e te beijo na alma, ainda dormente
Dessa vez vou te dizer do meu amor, meu bem
Mas vou chorar

...

Título: As velhas borboletas no estômago - por Cláudia Rocha

O foco de luz


"Porque vazios somos
Até que sonhamos"
(trecho de A premissa)

2009 km/h Estamos indo, ano... Estamos vindo, tempo - Segudos, segundos - esse plural que me abraça.