A hora da espuma
Amor é uma banheira cheia de espuma
Quando entramos nele, somos sólidos
Quando bebemos seu disforme líquido
Instransponível nos dedos
Somos - à toda parte
Cheirando à sabonete de lavanda
Mas ao sair dele é um derramar de águas
Descondensado
Fluxo desalmado
De transparentes lavas
Ardemos na boca ártica do mundo
Temos o arrepio súbito do suor gelado
Que nos arremata a nuca gasosa
Em todas as línguas avessas
Sugando o sumo dos olhos
Queremos logo outro banho de mágoas
Tamanho o querer de uma ducha desesperada
Buscamos a cheiúra vã entre as pernas
Pegando-nos até os ombros sóbrios
Pendemos a nos inundar e mergulhar
Na tênue e indefinível lembrança
Por isso temos líquido na torneira de ossos
Líquido alcoólico, breve e espesso
Somos um gozo de organismos suspensos
Que só queria se espalhar aos quatro cantos
Dos braços abertos e tão largos quartos e paredes
Tanto que não poderíamos imaginá-los tão sólidos
Queremos outra margem para nos desembocar
Os sábios amparos extensos
Que guardamos em um infernal cômodo do peito
Que não se acomoda na casa que é ser
Que nunca se suja nessa infecção deslavada que é existir.
Amor é uma banheira cheia de espuma
Quando entramos nele, somos sólidos
Quando bebemos seu disforme líquido
Instransponível nos dedos
Somos - à toda parte
Cheirando à sabonete de lavanda
Mas ao sair dele é um derramar de águas
Descondensado
Fluxo desalmado
De transparentes lavas
Ardemos na boca ártica do mundo
Temos o arrepio súbito do suor gelado
Que nos arremata a nuca gasosa
Em todas as línguas avessas
Sugando o sumo dos olhos
Queremos logo outro banho de mágoas
Tamanho o querer de uma ducha desesperada
Buscamos a cheiúra vã entre as pernas
Pegando-nos até os ombros sóbrios
Pendemos a nos inundar e mergulhar
Na tênue e indefinível lembrança
Por isso temos líquido na torneira de ossos
Líquido alcoólico, breve e espesso
Somos um gozo de organismos suspensos
Que só queria se espalhar aos quatro cantos
Dos braços abertos e tão largos quartos e paredes
Tanto que não poderíamos imaginá-los tão sólidos
Queremos outra margem para nos desembocar
Os sábios amparos extensos
Que guardamos em um infernal cômodo do peito
Que não se acomoda na casa que é ser
Que nunca se suja nessa infecção deslavada que é existir.