quinta-feira, fevereiro 12, 2009

Gelo seco no palco nevado da mente = NOSTALGIA


"Há quem diga que todas as noites são de sonhos...
Mas há também quem diga nem todas...
Só as de verão..." Shakespeare



Você pensa que só eu vou rir assim
Dessa vez, meu bem, você acertou
Só eu vou rir sem pressa das suas risadas
Só eu vou ligar seus dedos nas tomadas
Ou então vou bagunçar desse jeito seu cabelo nas minhas mãos
Você pensa que eu não vou lembrar de nada
E pode ter certeza, noite clara
Sempre vai existir a madrugada

...


E os lençois - que vão dizer desses fantasmas?
Que eles vestiram sem roupa, só almas e enfados
Você repousa a mão nos meus quadris largos
E gentis seus olhos sorvem um sonho adocicado
De verão... - sazonal esse ano não?
É difícil ser difícil nessas parcas horas
Que o peito bate apavorado
Nessas em que você pensa que eu fui embora
E eu fui, te digo - e de mãos dadas
Ah! eu te puxo pro arredor de mim
Pra repousar num largo azul de espelho
Redondo e cheio de permeios, de nunca mais te ver
Mas minha estante tem livros que eu nunca vi
Que falam teu nome, que gemem teus perfumes
Que acordam com o mesmo gosto da sua boca, e lumes
Dormindo numa paz sem ciúmes do mundo

Você pode até me achar louca por dizer assim
É porque eu não tenho certeza se vou dizer mais - também
Talvez eu não precise, quando já deslize
Meu corpo no seu, sem tradução humana ou alguma
Pele em acrobata rede... o olhar já configura a trama
Só quero ver quem vai sair dessa loucura
Sem conseguir não se perder feliz de uma vez por todas

Felicidade, enfim, é uma palavra muito forte...

Hoje a noite eu fiquei sem jeito com meu peito
Ele ficou me olhando torto- e a esquerdo
Como nenhuma outra vez
Acho que a única coisa que eu posso te fazer direito
É tentar, na minha profissão de amor sem jeito, te sentir
Mas vou dizer,sem medo de parecer ridícula
Sinto tudo por você - e desde quando te vi
Desde quando fechei os olhos e você começou a existir em mim
E nessa porta derrelida que não abre
Verso e verso- e sem sentido que não cabe
Nessas vezes em que a gente para e sente um sei-lá-o-que
Quando o tudo de repente faz rir de simplesmente sorrir
Mas meu bem, vou te dizer - sempre vou dizer
De vão em vão- mas vou dizer

Eu vou mudar...
Tudo vai passar...
Nunca mais isso vai acontecer...
Depois de mim, depois de você

Outras coisas vão te fazer lembrar
E você sempre vai pensar que só eu vou rir assim
Quando eu durmo e acordo e te beijo na alma, ainda dormente
Dessa vez vou te dizer do meu amor, meu bem
Mas vou chorar

...

Título: As velhas borboletas no estômago - por Cláudia Rocha

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