quarta-feira, agosto 05, 2009

Culpando a janela pela paisagem



Hoje vou fugir um pouco do padrão "blog de poesia-prosa" para comentar a respeito deste evasivo caos que se instala por hora. Não seria apenas a gripe suína que está tendo um enfoque incomensurado da mídia, ou das máscaras políticas do Sarney ou dos abusos de outros países quanto aos limites ao nosso território e cultura - mas todos estes enfoques juntamente, que seriam paradoxoz bombásticos em todos os conceitos atuais de: globalização, democracia e neo-liberalismo.
Há uma via de conflito entre a cultura adquirida pela noção de globalização que soa permissiva e passiva, em confronto direto com o sentimento pós ditadura, de liberdade feroz e auto-afirmação que os filhos de sarney em sua grande maioria passaram a desconhecer para reconhecer aquilo que enxergamos de mais coerente com nossa época. É revoltante pés atados. É temeroso pensar que nada podemos fazer quando ouvimos do Ministério da Saúde que 2,7 milhões (1 a mais pessoa que seja) ainda se contaminará e terá risco de morte. Que haverão mortes, que ainda há algum julgamento político, alguma espécie de pensamento sendo desperdiçado para atribuir poder de alguém ou tirá-lo por erros cometidos principalmente por nós, quando cedemos o poder público nas mãos da dúvida - e mesmo assim, nossas mãos também não poderiam ser mais sábias. De tudo que sabemos do horrível, só ouvimos a tragédia posterior - pouco tenta-se enfocar o que poderia ser feito.Com twitter, blogs, youtube, temos olhos atados e falamos da cegueria completa de estrangeiros. Mas na nossa janela a visão não é panorâmica - é quase igual ao de uma janela de alcova. Talvez até se imagine, mas são tantos os interesses de descrever a paisagem ao pé dos mesmos, que nunca pode-se ver o que de fato seria.
Pode parecer incoerente, mas acredito que o sentimento em relação a todas essas notícias atuais seja o mesmo. Seja tudo um pouco piada como a da fotografia ao que descreve a legenda, sendo que a fotografia em si é patética - uma tentativa falha.
Nossa mídia é uma tentativa patética de demosntrar uma verdade perdida em mãos descontroladas. Não digo toda ela, mas boa parte - a parte desesperada principalmente, sedenta em opnar, em formar opnião de seu público - que infelizmente acaba sendo enorme. Não há opnião diferente de que tudo está errado? Há só o asslato, a morte? O desespero? Há só a palavra pandemia? Quem sabe completamente sobre a gripe? sobre o passado dos políticos? dos acordos secretos em que se vêm à tona apenas o lixo e um hectare a menos da amazônia?
A mesma rede que conecta o conhecimento, acaba sendo uma grade para todos nós.

Um comentário:

Robson Cassimiro disse...

Excelente reflexão. Acertaste em tudo. Nada parece escapar ao teu olhar.
O mundo é isso, o Brasil é isso e a mídia também.
Não com o teu talento, mas escrevi sobre a mídia com relação ao Michael Jackson. Lê lá depois.
Gosto quando vc diz que ler é também uma forma de respirar. Vc tem razão, menina!
Volto em breve para ler mais aqui. Por hora, o prazer foi meu!