terça-feira, fevereiro 16, 2010
A paixão de cinzas
(por Cláudia Rocha - 2009/dezembro)
Moça que me olha da janela
Não quero ouvir mais dela
Um som saindo da boca
Quero dizâ-la, acordá-la
E deixá-la acesa
No apagado da noite toda
Vou sentir o frio de seus membros
Ainda mais frios por dentro
E ainda mais frios por serem menos meus
E por mais que me olhe do outro lado
A entenderei o tom amrgo
O piano molhado de música
E os lábios
Moça que se perde na estrada
E me olha na janela
Não quero ver sua cara
Sua palidez de fada
Quero deixá-la fadada
Deixá-la acesa a noite toda
No apagado da lembrança
Como uma dança de ontem que me recusou
Como um beijo de hoje maldito
E um não que não pensou
Um grito
Moça molhada na minha janela
Espelho de uma realidade estúpida
De um mundo onde o pensar raivoso
Não é semente ou sequer murta
Ela está morta, sujeito
Ela, moça, paixão
Não se levanta do meu peito
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