quarta-feira, fevereiro 17, 2010

O dito pelo não dito

Poesia primeira (por Cláudia Rocha/ 31/12/2009)

Como se eu fosse inteira
construida de vazios
E matérias
Eu gostaria de ser o silêncio
sapiente das coisas concretas

Mas como sou de água
Odor e alfabeto
Apenas posso ser
Humana, gesto
e instrumento

Se eu pudesse ser astro
Teria menos dores de cabeça
Soltaria raios nos olhos
E queimaria meus inimigos

Mas por ser mulher
Apenas evaporo como a nuvem
Matéria fêmea
E humano vazio

E seria flor até
Se alguém me desse
Um puxão arrancador da terra
Mas meu homem cheira os cabelos
E apenas me deixa na lama
Das raízes bem presas

Eu seria mais livre
Se não fosse esse corpo
Ao fundo do copo
Que você bebe

Mais penumbra
se não fosse essa luz
Que os seus olhos procuram
Com tanta sede e fome

E se pudesse ser de outra õrbita
Seria um satélite à parte
Uma Lua entre Vênus e Marte
Inabitada para não ser planeta









Um comentário:

P.A disse...

Parabens pelo blog!
Gostei mto do poema, vc se expressa mto bem, há mto sentimento nas palavras!
Sucesso! ;D