quarta-feira, agosto 05, 2009

Voltando ao cubismo

RESPEITÁVEL PÚBLICO

A nossa publicidade é o melhor do nosso país.
Porque não consumimos boas carnes,
boas frutas, bons sabores,
mas marcas macias, coloridas e deliciosas.
Somos perfume importado da cabeça,
os nossos sentidos tem mais olhos do que apenas dois
Nossas mãos tem mais amor nos seios fartos
Somos convencido pela beleza ímpar
Que pedimos emprestada aos deuses
Somos um cartaz que é mapa
Mas que nunca é território
Falamos de outros pelo que vemos
Julgamos o livro pela dureza de sua tez
Mas quem julgaremos
Se desque que somos temos um nome
estampado na testa
Temos um mandamento
Uma cruz no meio do peito
Somos antes antes até de existirmos
Porque tudo o que vemos
Produto lacrado de veemente imaginação
A publicidade fez o homem andar sobre rodas
Fumar Malboro, ensinando a montanha e o abismo
Cantar numa chuva de recados transados
Sonhos descoloridos e pintados
Um molde, uma brochura do tempo
Um anexo, um retrato
Daqueles que guardam o momento
Dos nossos lábios engarrafados
Bebemos nossa doença
Nossa vida semi-morta e mentira
De idéias de garfo e faca
Porque montanha-russa?
Porque não sou bucólica
Meu carpe diem árcade
É uma música de bossa nova
Minha eletricidade é minha arte
Eu consumo movimento
Eu consumo vc a toda parte
Eu me acho em tudo que vejo
Pq tudo no amor é publicidade
Tudo no sonho é um produto de vitrine
Até pq nem fugiria a nossa lápide
De nos dizer de nós
Algo com um "q" de desumano
Um "q" desmedidamente sublime
Um q perdido na rede - na internet
Um q - que eu nunca sei o q dizer
Uma expressão que eu não tenho
Mas que vc vê se enxergar
Muito prazer eu não me conhecer, estranho
Mas o verdadeiro prazer
É o seu em me comprar.

Um comentário:

Robson Cassimiro disse...

Uma beleza, Cláudia, uma beleza!!!