quinta-feira, novembro 18, 2010

Triste é não ser Louco (por Cláudia Rocha)

A loucura é uma válvula de escape sem escapatória.

É quase como tocar um instrumento, fazer yoga ou namorar. Ser louco é uma vaidade tão gigantesca, que muitas vezes é mais importante ser louco do que ser feliz. É assim, como se fosse uma felicidade embutida, porque, de fato, nem toda alegria é intensa como a insanidade.

Como escreveu uma vez Erasmo de Roterdã em "Elogio à loucura", lá pelos 1500 (1511, mais precisamente) destoando-se da a sobriedade dos seus contemporâneos e das técnicas monótonas que vinham sendo utilizadas: Não há diferença entre sábios e loucos, exceto que os loucos são felizes.

A felicidade da loucura não custa muito, apenas um pouco de auto-convencimento. Algo como tocar um instrumento, fazer yoga e namorar. Isso na verdade nem é uma grande sabedoria, mas está perto da natureza do louco, que acredita que toda idéia é válida, independente do vencimento que vem no rótulo delas ou da sua composição.

Apenas um louco poderia acreditar que tocar um instrumento o tornaria mais feliz ou mais rico ou mais louco , ou ainda que viver em sociedade é uma necessidade de segurança baseada no papel desempenhado por uma instituição chamada Estado. Somente um louco faz uma música social, achando que pelas palavras cantadas, alguém pode perceber o que não se percebe ao falar. E dessa forma, percebendo o "de repente", a loucura seria o remédio para todas as coisas (exceto alguns genéricos de farmácia).

O humor de um louco a fazer yoga, e pensar, ironicamente que se concentrar em seu cerne animal o torna mais controlado com o seu corpo do que o resto do mundo. De fato... nem um pouco o que ele proprio consome ou repulsa, afinal... Ele tem a nítida noção de que sua cabeça é um universo aberto propagando o On (liga do desliga há!) de tudo que gira ao seu redor. A sua cabeça não lhe pertence. Cortem-lhe a cabeça. Ele é louco, (pausa para risos)

A pior das felicidades loucas é namorar. Se vc ao perceber que não pertence a si e nem que suas idéias absurdas que "oh!acabam tendo um fundo de verdade para alguém em algum lugar no kilometrico universo", mesmo que esse alguém de fato nunca exista, pois é... intuitivamente vc se apaixona. Vc encontrou o alguém! (salva de palmas) Coitado, ele, o alguém!, carrega - no seu pálido corpo rasgado de uma humanidade heróica - toda a dose de adrenalina e tesão que você (mísero ser destrambelhado) aprisiona na sua hipófise e nas suas neuroses. Vc está amando, ou seja...: vc enloquece sem poréns e põe a culpa na outra pessoa - isso se a (mal)dita não fizer isso antes de você!

Portanto, se vc beira o auto-controle definitivo, mantém certos horários e padrões, dá "ok" em suas atividades cumpridas, arruma a cama e dobra os lençois, não come carboidratos à noite, cuida de 7 filhos, 10 cachorros, 19 gatos, faz yoga, toca um instrumento (harpa?) e namora e... e ainda é feliz!... Acredite... Vc não é feliz porque toca um instrumento, faz yoga ou namora. Vc é feliz porque é completa e - estupidamente - L-O-U-C-O,


                    

Um comentário:

Mad Scientist disse...
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